Aquário Casa Firjan: preconceito, hábitos de consumo e o potencial da geração prateada
Protagonistas de produções recentes para o cinema e a TV, Jane Fonda, de 82 anos, e Lily Tomlin, de 80 (“Grace e Frankie”); Michael Douglas, de 75, e Alan Arkin, 86 (“O Método Kominsky”) e Robert De Niro, 77 (“Um Senhor Estagiário”) são exemplos de como a indústria do audiovisual começa a se afastar dos estereótipos envolvendo o envelhecimento ao dar a artistas idosos papéis que fogem do retrato de pessoas no fim da vida. Embora a maioria das discussões sobre comportamento geracional seja concentrada nos millennials, é a chamada geração prateada, com idade superior a 60 anos, que começa a chamar atenção e assumir um protagonismo em diversas frentes.
Especialistas se reuniram no Aquário Casa Firjan da semana (09/03) para debater o potencial da economia prateada, demandas, hábitos de consumo e oportunidades de mercado da longevidade. O evento, desenvolvido em parceria com o Hub 40+, foi apresentado por Iuri Campos, líder do Aquário Casa Firjan, e mediado por Mauro Wainstock, sócio-fundador do Hub 40+.
Resultado do aumento da longevidade associado a uma queda da taxa de natalidade, o chamado “tsunami prateado” é um fenômeno mundial. A população madura é responsável por 20% do consumo nacional e já movimenta cerca de US$ 7 trilhões por ano. Segundo a OMS, o número de pessoas com mais de 60 anos chegará a 2 bilhões até 2050, um quinto da população mundial. O Brasil acompanha a tendência: dados do Ministério da Saúde mostram que o país, em 2016, tinha a quinta maior população idosa do mundo.
“A longevidade é um processo recente. Quando eu comecei a estudá-la, não havia dados, com exceção do IBGE. Mas o potencial desse campo de estudo é vastíssimo e os projetos na área demandam uma integração entre iniciativa privada, governo, academia e terceiro setor para dar resultado”, avalia Layla Vallias, pesquisadora, empreendedora e cofundadora do Hype60+.
Segundo os participantes do evento, o idadismo, preconceito baseado na idade, ainda é muito comum. “Para entender esse público, é necessário desconstruir o estereótipo da pessoa que anda de bengala, mudar a cultura. Inconscientemente, todos nós praticamos coisas que não estão no viés da diversidade. É preciso identificar discursos, investir em projetos de inclusão geracional e dar visibilidade ao idoso”, pondera Marco Antonio Vieira Souto, head de Estratégia do Grupo Dreamers e autor do livro “Manual do Novo Velho: Um guia prático para envelhecer com classe”.
Produtora e comunicadora digital 60+, Miréia Borges, de 63 anos, criou o seu blog aos 50, numa época em que pouco se falava sobre o assunto. “Fui discriminada na ocasião porque ninguém dava valor a esse papo de longevidade. Nunca me enxerguei como idosa, embora a sociedade me visse dessa forma, e resolvi expor o meu pensamento. Deu certo. Mantenho até hoje o blog, que tem um público de internautas formado, em sua maioria, por pessoas com menos de 40 anos”, detalha Miréia.
Fonte: Firjan