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Visão artificial é desenvolvida no Brasil para classificar madeiras

Um equipamento de visão artificial criado no Brasil é capaz de selecionar madeiras no processo industrial com um nível de aproveitamento muito superior ao método humano-visual utilizado hoje. Depois de passar pelas fases de pesquisa, protótipos, testes, registros e patentes, ele já está pronto para ser utilizado pelas empresas do ramo madeireiro no processo de classificação dos produtos.

O aparelho foi criado pela equipe do professor Carlos de Oliveira Affonso, do CEMEAI (Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria), que funciona na USP de São Carlos, no interior de São Paulo.

O desenvolvimento contou com a participação de empresas do polo madeireiro de Itapeva, também no interior de São Paulo.

Imagem: CeMEAI/Divulgação

Classificação de madeiras

Segundo Affonso, a ideia inicial era criar apenas um software de visão artificial que pudesse aprimorar o processo de seleção das madeiras que atualmente são classificadas em A, B e C – dependendo da qualidade e observando, entre outros fatores, textura e coloração das peças. Esse trabalho hoje é feito de forma visual por trabalhadores treinados.

“Estatísticas demonstram um aproveitamento de apenas 65% nesta forma de inspeção, levando em conta falhas causadas por cansaço, distração ou falta de treinamento dos operadores humanos”, comentou Affonso.

Coube aos estudantes André Rossi e Fábio Vieira, da UNESP, catalogarem centenas de madeiras antes de criar um modelo matemático com programas que interagem entre si em uma plataforma Java – que processa, analisa e classifica a qualidade do produto.

O software, batizado de Neurowood, tornou-se então parte de uma tecnologia completa, formada por câmeras instaladas ao longo das esteiras de classificação que captam as imagens que alimentam o programa, por sua vez controlando um outro sistema de automação que separa as madeiras boas das ruins na própria esteira.

Nacionalização

A grande vantagem da nacionalização desta tecnologia, também conhecida como “visão de máquina”, é o barateamento, tornando-a acessível a empresas de menor porte.

“A tecnologia já existe, no entanto, produzida por empresas internacionais a um preço proibitivo para a realidade das nossas indústrias. Um equipamento como este custa cerca de 500 mil euros. Então, um dos enfoques que nós tivemos desde o começo é primeiro produzir um equipamento que fosse 100% aplicável e que tivesse viabilidade econômica também para as médias e pequenas empresas,” finalizou Affonso.

Fonte: Inovação Tecnológica